Com Salas de Recursos Multifuncionais, Prefeitura promove inclusão nas escolas municipais

Educação
03/05/2024 09h00

Para a efetiva inclusão nas escolas municipais, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), disponibiliza Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) em diversas unidades da rede. O espaço é destinado aos alunos da Educação Especial, que são assistidos pelos professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE), conforme demanda a Resolução nº 4 de 2009 do Conselho Nacional de Educação (CNE).

Atualmente, a comunidade escolar conta com 44 SRMs que atendem os 741 alunos matriculados no serviço. De acordo com a gestora da Coordenadoria de Educação Especial (Coesp/Semed), Maíra Ielena, é na SRM que os professores do AEE podem articular e promover ações que favoreçam todo o processo inclusivo em cada escola. 

“Com o aumento da demanda de matrículas na Educação Especial e Inclusiva (EEI), é importante que também aumentemos as vagas ofertadas no AEE, pois este serviço tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela”, explica a coordenadora.

A Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Alencar Cardoso, localizada no bairro José Conrado de Araújo, é uma das unidades com Sala de Recursos. Com um ano de funcionamento, 22 alunos da Educação Especial são assistidos diariamente.

Uma das professoras do AAE na Emef, Simone Tadeu, frisa que por mais que o público-alvo apresente deficiências variadas, a maior parte dos estudantes assistidos pela SRM são autistas. Com uma sala repleta de recursos que facilitam a aprendizagem, os estudantes aprendem por meio de jogos pedagógicos e atividades direcionadas ao desenvolvimento cognitivo.

“Também trabalhamos com os professores na questão da adaptação das atividades e com toda a comunidade em si, porque, a partir do momento que o aluno entra na escola, ele é da escola toda. Ou seja, esse aluno vai ser atendido da forma correta pelo porteiro, pelos professores, as meninas do apoio, o pessoal da merenda e toda equipe diretiva. O atendimento tem duração de cinquenta minutos e é realizado duas vezes na semana, com o objetivo não só de desenvolver a aprendizagem, mas, também, a socialização e a autoestima”, informa.

Apontando a dificuldade de socialização que a maioria dos autistas apresenta, a professora reforça o importante atendimento coletivo e o trabalho de elevação da autoestima dos estudantes. “A gente procura, de todas as formas, possibilitar uma interação entre eles, até para trabalhar a autoestima e ter um resultado bem melhor na aprendizagem. Esses alunos chegam aqui com a autoestima muito baixa, pois, muitas vezes é apontado como aquele aluno que não sabe, é preguiçoso ou que não tem interesse. Por isso, trabalhamos a autoestima para mostrar que ele é capaz e que ele consegue. Os pais comentam que os filhos mudaram o comportamento, que pedem para vir ao atendimento, se comunicam melhor e mostram tudo que vem aprendendo na aula, como escrever o nome e o jogo que aprendeu. Tudo isso é fruto da autoestima”, declara Simone Tadeu.

A Emef Juscelino Kubitscheck também dispõe de Sala de Recursos e a professora Maria das Graças Soares explica que o espaço se apresenta como uma forma de atender, individualmente, aquele aluno que não será capaz de aprender no mesmo ritmo do ensino regular.

“Aqui a gente procura fazer de uma maneira mais lúdica. Por exemplo, se o aluno tem dificuldade em matemática, a gente ensina por meio de brinquedos, pedindo que ele divida as peças e vá colocando numa caixa. Um outro bom exemplo é de quando a mãe do aluno chegou e me disse que ele precisava fazer a carteira de identidade, mas ainda não sabia escrever o nome completo. A partir disso, começamos a trabalhar com ele a assinatura de uma maneira mais divertida e hoje ele já assina o nome todo”, conta.

Desde 2015 à frente do AEE, a professora ressalta a impossibilidade do professor regular em ensinar individualmente e realizar essas atividades lúdicas. “Devido a essa realidade, é aqui na SRM que a gente consegue ensinar de maneira individualizada. Algumas pessoas ainda acham que o público da educação especial não conseguem entender, mas é mero engano, porque eles aprendem, mas de uma maneira diferente e no tempo deles. Além do mais, se a gente percebe que eles são muito bons em algo, agimos de forma com que ele se reconheça no que é bom e canalizamos a atenção dele também para esse talento, sem focar somente nas dificuldades”, esclarece Maria das Graças.

Mãe do estudante Lauro, que é autista e faz atendimento na sala de recursos da Emef Juscelino Kubitscheck, Roberta Figueiredo declara que o filho está aprendendo a ler e já socializa super bem.

“Eu vejo que ele está se desenvolvendo em matemática, português e até mesmo no inglês, tudo isso por causa da assistência que a SRM dá. A mudança no comportamento dele é gritante, porque ele tinha o Transtorno de Oposição Desafiadora (TOD) e só  entrava na sala de recurso com muita teimosia. Depois de um certo tempo ele não apresenta mais esses sintomas. Além do mais, o Lauro é muito bom com esportes e a professora acredita muito nele e me aconselha a investir porque ele tem muito potencial. Meu filho já competiu e se destacou em torneios com crianças típicas, se tornando até medalhista. Só tenho a agradecer a sala de recursos”, declara a mãe.